UM BLUES NA BOCA-DA-NOITE
soneto de Marcello Ricardo Almeida
deslua a lua às vezes surge e às vezes os galhos
e as folhas cobrem-na por completo e a lua aluada
dessurge no vento frio do desmês de abril o vento
de sopro lento-violento a agitar os desarvoredos
enciumados. as árvores se agitam; e como! mas
o que sentem? será frio ou quem sabe calafrios
é o outono chegando enfurecido pela lua? vai-vai
folheando as árvores são suas à boquinha-da-noi-
te é um rápido farfalhar atravessando essas desmoitas
em pios e choramingos um luar em gravidez indesejada
crescente-amarelado é a música do blues em gaita alada
à boca-da-noite é o vento, é o vento é a lua; são apenas
pensamentos de manhã. sumiu o vento, restaram as folhas
sós despenteadas e aos nós em desolados pensamentos
e as folhas cobrem-na por completo e a lua aluada
dessurge no vento frio do desmês de abril o vento
de sopro lento-violento a agitar os desarvoredos
enciumados. as árvores se agitam; e como! mas
o que sentem? será frio ou quem sabe calafrios
é o outono chegando enfurecido pela lua? vai-vai
folheando as árvores são suas à boquinha-da-noi-
te é um rápido farfalhar atravessando essas desmoitas
em pios e choramingos um luar em gravidez indesejada
crescente-amarelado é a música do blues em gaita alada
à boca-da-noite é o vento, é o vento é a lua; são apenas
pensamentos de manhã. sumiu o vento, restaram as folhas
sós despenteadas e aos nós em desolados pensamentos