Numa canoa em preto e branco de madeira
segui a correnteza de ar em leves manobras
e leve deslizava a canoa sobre as cumeeiras
das casas velhas de minha Santana do Ipanema.
Numa porta, um seresteiro afinava o pinho;
noutra porta, a mulher gorda aprisionava o sol;
naquele sobradinho pássaros estavam em gaiolas.
Agora, só ouço o zumbido do universo misterioso.
Eu me esqueci que fui criança e o mundo era de rosas e mar.
MARIA DO SOCORRO RICARDO
poema escrito para uma noite de chuva em 1981 em Santana.