TIA ARISTHEA

Quiseram vovô Misael e vovó Júlia 94 anos depois.
A Rua Coronel Lucena ficou em silêncio hoje cedo;
os seus passos, agora , lentos e calmos, não vieram;
as pedras da calçada e da história quedam tristes;

as nuvens que circundam seu sorriso ficam sérias;
as praças, o povo, Santana do Ipanema têm saudades;
a vida passa dentro dum cochilo, num instante finda;
desenham o céu relâmpagos que iluminam a cidade

correm e nas noites de sua ausência clareiam ainda;
serras gigantes abraçam nossa Santana do Ipanema,
aos poucos e de longe o rio silente entre pedras chora;

nossa cidade em preces murmura este poema lírico,
elegia que os antigos consagraram ao luto e à tristeza.
Bênção, tia Aristhea Farias. E o dia fecha os seus olhos.



(MARIA DO SOCORRO RICARDO)
poema escrito a muitas mãos