A chuva às pressas corre na rua
Como quem assusta varre o porre
As águas logo descem de nuvens
Como quem vencerá o hercúleo
O tempo abraça; escurece a cidade
Como quem bebe goles homéricos
As águas inundam rápidas vidas
Como quem silencia quem dorme
São caldeirões e caixões d’águas
Como quem vêm lavrar as fúrias
São nessas horas êxtases e augúrios
Como quem reza orações partidas
As nuvens viveram as eternidades
Como efígies paradas nos espaços
As nuvens receberam o sopro de ar
Como se dormissem, acordaram-se
As minhas nuvens de algodão doce
E nesta atmosfera de nome Terra
E tudo o que o meu olhar alcança
E na velocidade da luz de ano-luz
Atravessa as línguas das palavras
Vara as noites negras de galáxias
E escrevo o nome nesta pedra-árvore
Negrice do universo é limpa e linda
É doce viajar em seu silêncio Terra
MARIA DO SOCORRO RICARDO