UM DIA DE FEIRA LIVRE EM SANTANA




Fora dos limites de Santana aproxima-se a câmara
Como se quisesse capturar a memória da cidade
Sob o Sol anda o povo em dia de feira livre e só
São pessoas que fogem de seus lugares ermos
Para se encantarem nos dias de feira livre; firmes
Como os passos de gigantes desolados, mesmo
Vindos de espaços escondidos no universo frio
Os seus sonhos estão nos bolsos em moedas
Para saldarem suas dívidas com algumas rezas.

Eu queria narrar os seus segredos de sacolas
Porém olho o relógio da matriz que diz as horas
A feira murmura os seus preços em alvoroços
Essa minha amiga que me cumprimenta a reconheço
Essa criança com carroça de feira cobra seu preço
Para entregar as compras do mercado em sua casa
As ruas se convertem em morros e as ladeiras falam
Conversam os feirantes sobre várias novidades
As ruas ficam tortas cobertas de barracas e toldas.

Os olhos dessas pessoas livres deste meu poema
Perdem-se na feira livre de Santana do Ipanema



(MARIA DO SOCORRO RICARDO)